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Algumas pesquisas demonstram a existência de uma espécie de ‘’rede terapêutica’’ em torno do adolescente com o transtorno depressivo, que se compõe antes mesmo da procura por atendimento especializado. Essa rede é formada por um círculo de aconselhamento de familiares, amigos e vizinhos, podendo haver também, uma procura por curandeiros ou outros aspectos ligados à religião do adolescente e da família, aproximação esta que poderá ser motivada pela própria doença. Com o mesmo cunho, Aragão (2009) realizou uma pesquisa com alunos do ensino médio, que nos dita o apoio religioso como tópico contribuinte para o tratamento.
Estudos apontam que existem três principais barreiras para a procura de tratamento médico: as barreiras estruturais, que estão relacionadas ao transporte e à disponibilidade de dinheiro para pagar o tratamento; as barreiras referentes à percepção dos problemas mentais e à ideia de que é possível se curar sem tratamento adequado e, por fim, as barreiras ligadas ao preconceito e à falta de boas experiências com serviços de saúde em casos anteriores.
Diagnosticada a depressão no adolescente, é importante frisar que, em algumas famílias, a busca por ajuda profissional tem acarretado no distanciamento do preconceito ao tratamento e, também, na aceitação da doença pelo paciente, além do desejo de melhora, fatores importantes para uma recuperação satisfatória. O meio social que o adolescente está inserido, nesse caso, a escola, é fator determinante frente à percepção dos sintomas evidenciados por esses alunos, assim, percebe-se a ampliação para a conduta necessária dos profissionais envolvidos, pois, acaba sendo um auxílio para os pais na identificação do problema.
Da mesma forma, considera-se fundamental que médicos e profissionais da saúde chamem a atenção dos adolescentes sobre o uso exagerado das redes sociais, ajudando e alertando a família a perceber o que esse adolescente vivencia do mundo real e virtual.
Algumas das dificuldades que os pacientes adolescentes têm de enfrentar durante o tratamento e as descritas com maior frequência são as questões relacionadas à escola, além dos enfrentamentos da ansiedade, da depressão e do medo. Logo em seguida, há problemas comportamentais e de convívio social, seja com a família ou com os amigos. Percebe-se que os mesmos podem não receber o tratamento médico adequado, ficando, assim, propensas à queda de rendimento escolar, ao uso de substâncias psicoativas, agressão e envolvimento em atos criminosos. Constantemente, há propagandas e anúncios sobre os medicamentos antidepressivos. Esses são vendidos pela mídia como promessa de uma vida tranquila e garantia de harmonia. Assim, o consumismo associado ao uso abusivo e inadequado de medicamentos para o alívio da dor emocional, agregado ao preconceito com tais doenças psíquicas, faz com que sejam vistos pela população, como uma cura para o enfermo ou apenas a prevenção de uma depressão futura.
Considerações finais
"...a possibilidade de ter um filho adolescente com alguma doença mental afeta profundamente a família, que, geralmente, se sente angustiada e confusa por não encontrar recursos para lidar com a situação de sofrimento..."
O processo de entendimento sobre o meio social em que o adolescente está inserido é considerado um fator de impacto que reflete não somente no âmbito familiar, mas também na escola e na sociedade em geral. Percebeu-se que a possibilidade de ter um filho adolescente com alguma doença mental afeta profundamente a família, que, geralmente, se sente angustiada e confusa por não encontrar recursos para lidar com a situação de sofrimento, além de enfrentar o preconceito existente na sociedade e até mesmo no próprio meio familiar.
Vale destacar a importância da identificação de uma espécie de rede terapêutica ou rede de proteção, o que facilita e contribui para o tratamento; essa rede é formada pelos amigos, pela família do adolescente e pelo próprio tratamento médico em que ele está envolvido. Em alguns casos, a religião do paciente também é considerada como sendo um fator importante para o processo. Entretanto, existem barreiras que dificultam a profilaxia, dentre elas, podemos citar a baixa renda familiar, o preconceito e o desconhecimento sobre a depressão, a espera demasiada por uma consulta ambulatorial e os recursos escassos que ainda podem refletir no atendimento clínico, como a falta de medicamento e longas horas de espera na fila para recebimento do medicamento.
Veja a versão do artigo científico na íntegra: